Vivendo em Palafitas

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Podem me engolir, mas não a minha história.

Tem chamados!
Presos todos os dias se aglomeram nas grades onde eu passo para ir trabalhar pedindo para que eu possa orientar como suas famílias devem proceder no andamento de seus processos no fórum, outros como, não tem família solicitam a possibilidade deu ir até o fórum para saber de seu processo que esta passando de prazo a anos e nada de vim sua liberdade, outros perguntando para este escritor como é a liberdade, se são verdadeiras as coisas que as pessoas falam dela e como é viver nessa situação agradável que é estar meio há liberdade, e eu me questiono? Que falta de respeito pelo ser humano que errou mais esta querendo sua liberdade de volta, será que a sua vida esta perpetuamente na mão do estado e ainda esse de direitos? Precisamos trabalhar por políticas de reestruturação do sistema penitenciário brasileiro, não esquecendo que pessoas em sua condição de restritos de liberdade mais não de direitos constitucionais precisam de um olhar atento porque essas mesmas um dia retornaram ao conviveu social e farão parte de todo processo de desenvolvimento social. Mais se isso não for politizado como vai ser? Respondo! Vai ser como são, indivíduos cometendo crimes e marginalizando outras pessoas por um motivo banal e sem explicação, que é a falta de oportunidade e humanização por parte das esferas publicas que foram criadas exclusivamente para esse fim, mas que infelizmente se tornou para alguns um meio infinito de agregar riquezas e manipulação.
No Iapen é considerado “sem demagogia” milagre pelos religiosos daqui quando aparece uma assistência jurídica, mais que se enfraquece para aqueles que não têm família porque é exigido o acompanhamento da família por que sem isso os “defensores públicos” não conseguem trabalhar pela causa do excluído mesmo sabendo que é ilegal tal pratica. È muito dolorido ver pessoas nessas condições e você não ter nenhuma influencia para provocar esses direitos constituídos por lei, em alguns estados da EUA eles acabam com o sofrimento de detentos que poderiam ficar em prisão perpetua, mais no Brasil isso é totalmente diferente eles acumulam pessoas na sua desova humana. È triste vê que no meio de muitos poucos tem a oportunidade que eu tive de sair e defender essa realidade insalubre que é viver em penitenciaria.

Macapá, 03 de dezembro de 2008.
Uliclelson Luis do Nascimento Pereira.
Escrito na prisão e atualizado em liberdade.
Em 16 de maio de 2011.

Da prisão á penitenciaria.
No dia 09 de julho de 2008 foi aniversario de minha amiga Lívia que estava completando 17 anos de idade e fomos comemorar em uma pizzaria chamada de plutão onde depois de uma forte chuva que caia fomos até a praça beira rio dar uma volta em reverencia o seu aniversario. Depois que voltamos da praça deixei em sua casa e retornei a ponte do copala onde residia, sendo que no mesmo dia alguns conhecidos meu foram assaltar uma residência no bairro dos congos exclusivamente no momento da chuva onde estávamos eu e a Lívia comemorando seus dezessete anos de idade.
Oito dias atrás eu já havia completado 18 anos de idade, mas tinha esquecido uma promessa feita por algumas pessoas membros da segurança publica de meu estado que diziam o seguinte, “DIMENÓ QUANDO TU COMPLETARES DEZOITO ANOS NÃO INTERESSA MUDADO OU NÃO, APRONTANDO OU NÃO, NÓS COLOCAREMOS VOÇÊ ATRAZ DAS GRADES A QUALQUER CUSTO” esquecendo da promessa, mas não se esquecendo da minha que depois de completar á maior idade, deixaria o crime e retomaria uma vida digna cumprindo uma promessa feita a minha falecida mãe. Por incrível que pareça conseguir cumprir minha promessa e também os tais membros da segurança publica.
No dia 11 de julho de 2005 entrei na casa do pótho (traficante hoje falecido) para tomar um banho e depois empinar uma rabi olá (pipa) por ser na época tempo de tal recreação popularmente conhecida no Amapá. No mesmo dia eu estava com a alma bastante refrigerada e leve por ter saído do crime, mas não sabia o que estava por vi, quando comecei a tomar banho alguns meninos entraram na casa e avisaram que a policia estava invadindo a ponte, e eu não acreditando na informação fui até a porta curiosamente espionar em uma brecha quando deparei com um grupo de policias vindo no sentido da porta todos armados de armas de forte calibres, quando então corri em direção da cozinha quando ouvi um estrondo na porta, arrombado-a com um tiro de calibre 12 e em seguida ouvi o chamamento dizendo o seguinte “não corre se não tu vai morrer” não esperei e pulei para o lago onde ouvi outro disparo que atingiu minha coxa direita e fez com que não conseguisse me locomover mais, e quando boiei só vi a escopeta apontada para a minha cabeça e o pronunciamento,” AGORA TU VAI MORRER” logo após eu disse tais palavras” PELO AMOR DE DEUS NÃO ME MATA” e automaticamente a arma no momento de meu clamor travou fazendo com que o policial ficasse impossibilitado de fazer o que já aviam dado a ordem. A prisão estava direcionada para o potho e não para mim, mas depois que eles viram que era eu que estava naquele lugar foi um motivo de honra para eles terem me pegando de uma maneira tão simples, sendo que ais informações da inteligência eram que estava naquele lugar o Potho um dos envolvido no assalto do dia dos 09 de julho dia que estava comemorando com a Nivia seu aniversario.
Depois de varias seções de tortura e perguntas direcionadas a informações do assalto que infelizmente eu não sabia, mas sabendo seria logo entregue por que as seções de tratamento policial não davam para suportar, fui levado como troféu para a imprensa mostrar o trabalho agiu dos policiais em mais uma operação de combate ao crime desorganizado. Os policias poderiam até aumentar o numero de assaltantes envolvidos no assalto, mas conseguiu colocar a mão em dois dos assaltantes conhecidos como, adrianinho e passarinho que verdadeiramente tinha envolvimento no caso.
1- Hoje se faz seis anos que eles me tiraram o direito de ir e vir, sem qualquer explicação que pudesse tirar tal direito constitucional.
2- Violaram a carta magna, rasgaram a constituição e salivaram na declaração internacional dos direitos humanos.
3- Em nome do desrespeito, da desumanidade, da falta de circunspecção e principalmente do defloramento da autoridade co-autora.
4- Que fique registrado na história esse acontecimento tão desumano e cruel na memória de outros que estão por vi.
5- Que um dia nossa sociedade moderna observe, como nós, seus antepassados precisávamos de mais humanidade e amor ao seu semelhante.
6- Um dia chegaremos ao ponto de esclarecimento e mudaremos essa situação tão insalubre, que afeta a todos os brasileiros.
Viva! Mas viva mesmo, ao grande instrumento democrático de direito, que é a LIBERDADE DE EXPRESSÃO. 11/07/2011 (Twitter)

Chegando à delegacia em um alvoroço total da imprensa e populares em torno querendo saber quem era os bandidos que estavam sendo encaminhados presos a delegacia, eu mesmo cansado de apanhar sempre defendia minha inocência levando alguns socos no rosto para calar minha boca, mas mesmo assim negando tal delito por que sabia que não tinha nada haver no caso, para minha surpresa e capacidade dos policias em persuadir as testemunhas dizendo que todos eram os envolvidos no caso fui reconhecido pelas vitimas sendo que as testemunhas não tinham certeza dos dois verdadeiros transgressores que aviam lhe roubado.
Chegando ao delegado para dar esclarecimentos do caso, falei onde estava no momento do delito e que estava acontecendo uma injustiça com a minha pessoa que estava preso enganado por ocasião de já na época ser taxado como bandido e que estava sofrendo um abuso de poder por parti dos policias. Não teve jeito fui encaminhado ao IAPEN onde fiquei a disposição da justiça. Quando foi a minha audiência para apresentar a minha testemunha que iria comprovar que eu estava no dia em comemoração o seu aniversario, ela quando sentou na cadeira e pediram a identidade dela, nem ela eu sabia que não iria ajuda em nada sua ida até o fórum por que a mesma era menor de dezoito anos e não poderia testemunha se não fosse com a autorização de seus pais, distanciando o que seria a única comprovação de minha inocência, levando-me a uma condenação de nove anos e cinco meses em regime fechado. O que me deixou bastante revoltado foi que as pessoas que estavam envolvidas no crime foram condenadas há uma pena leve que apenas lhes dariam meses somente de prisão e eu anos.
“O atual processo penal, regido pelos mais nobres princípios humanistas, resultado de barbáries e crueldades cometidas com o corpo dos suspeitos, nada mais é do que uma face mais amena das atrocidades cometidas anteriormente. Na atuação do judiciário (defensores, promotores, juízes) percebemos que na maioria dos casos – principalmente quando o acusado é pobre – não há uma análise do fato e das condições do crime, tão pouco o princípio da presunção da inocência é respeitado, havendo a mínima prova esta embasará uma decisão condenatória”12.
Alessandra Bastos (pag.08)
Antes de tudo isso acontecer eu tinha descoberto que a mãe da minha primeira filha estava esperando um filho, e sabia também que tinha que mudar de vida que não seria fácil, não que fosse de minha parte, mas da parte de toda estrutura negativa que tinha se criado ou meu redor. As pessoas pensam que é fácil entrar e sair do crime, o crime seleciona as pessoas ele busca como qualquer seguimento econômico indivíduos que servem para o negocio, tem aqueles que servem para chefiar, gerenciar, outros para serem “bombas” pessoas que assumem crimes dos chefões, e outros como nós, na época menor de idade para ser avião de traficantes, ou seja, o verdadeiro traficante fica só por traz e você que ganha à fama de bandido, sendo que é somente um instrumento do crime.
Agora fique em meu lugar! Um jovem com tudo para recomeçar uma vida digna mais com um grande problema de ser um criminoso já procurado pela policia, como era para eu deixar tudo, principalmente o orgulho e revolta que foram as principais motivações para ser um criminoso, e também ficaria sem proteção por que mudando de vida deixaria todo o grupo e evidentemente que os mesmo iriam me chamar de covarde e ficariam bastante revoltados comigo e eu ficaria entre a “cruz e a espada” de um lado a policia com ódio para me pegar e da uma resposta a sociedade que vocês sabem como, e bandidos revoltados querendo minha cabeça por ser um traidor, e agora recorrer a quem? Então fui quase esperto fiquei na mesma área, mas não mais traficando e nem assaltando usando para os criminosos “chefes” que estava dando um tempo por está muito visado e não queria prejudicar o comercio.
Conseguir enganar os chefões, sendo que tudo isso durou pouco tempo por que estava junto com os porcos e você sabe o ditado “Quem anda ou vive com porcos farelos come”. Por incrível que pareça desde quando parei de criminalizar não me envolvi em ilícitos, mais morava em área de risco “ponte do copala” que nunca iria me ajudar em minha esperada recuperação e minha inclusão social, sendo que não faltava disposição para tal milagre.
Antes de ser preso assistir uma matéria sobre a realidade do presídio do Estado e me impulsionou bastante para minha saída do crime as situações do presídio e como os internos eram tratados, me agonizando bastante por que sabia que a qualquer momento eu era sujeito a parar naquele lugar mesmo não cometendo, mas atos ilícitos, mas sim por ser o dimenó, o bandidinho do copaLa. Minha mudança não teve êxito, por que a policia não quer saber se você virou pastor, padre, macumbeiro, mas sim te colocar segundo eles no seu devido lugar que é onde eu não queria ir e infelizmente mais fui IAPEN. Chegando lá fui orientado por um interno que me passou logo todas as informações que iriam me ajudar a sobreviver aquele lugar, por incrível que pareça essas orientações foram para o meu bem, primeiro ponto positivo para mim. Na época todos os presos tinham que passar pela adaptação onde passam de 10 a 20 dias sem sair da cela, logo após a minha chegada foi logo sabatinado pelos internos de outras celas que já estavam morando a anos no pavilhão perguntado, qual era a minha onda (crime), pediram minha roupa em troca de outra bem mais usada, e perguntaram se eu tinha apadrinhados (pessoas que poderiam proteger) e respondendo disse que sim. Quando foi pela manhã ouvi em um buraco em cima da cela uma voz bastante grossa me chamando me deixando com mais medo quando vi a cara de um negão igual aqueles dos filmes americanos dizendo: “tu que és o dimenó? O loro (traficante) mandou dizer que tem apadrinho para você, e é para você ficar de boa (tranqüilo) que era impossível por esta em um lugar com mais de 2000 mil bandidos de todas as raças, resumindo o meu apadrinhado me apadrinhou mesmo fazendo com que ninguém mexesse comigo naquele presídio em aproximadamente três anos e meio, obrigado seu loro!
O beneficio de um apadrinhado é de não virar bomba (pessoa que assumi todos os atos criminosos no presídio), e principalmente tem espaço para conseguir conviver com respeito no meio dos internos, forma de prestigio criminal. Com toda essa regalia interna fez com que depois de dois anos de cansaço de viver no sofrimento de restrição de liberdade, eu tomasse uma decisão de aceitar o cristianismo e seguir o padrão da igreja, mais não foi fácil para Jesus me atrair para sua seita. Em um dia de visita estavam na igreja estudando a escola bíblica do minical onde todas aquelas palavras estavam se testificando com minha vida, transmitindo um sentimento de ajuda para o que eu queria que fosse um braço verdadeiramente amigo me impulsionando a aceitar Jesus, mais com uma condição! Que deus me enviasse um sinal sendo esse o seguinte, “se o senhor quer que eu aceite a Jesus faça com que o pastor entre naquele portão agora” vocês não podem até acreditar, mas isso aconteceu, quando me deparei com aquela cena divina o pastor entrando na porta de entrada do pavilhão mandando um sinal de olá com as mãos. Não perdendo tempo eu chamei dentro de uma cela e entreguei naquele momento minha vida há Jesus, por saber que era o único que poderia me ajudar naquele lugar.
Depois de aceitar a Jesus me transferir para a cela dos irmãos (cela dos evangélicos) para começa meu processo ressocialização espiritual, entrando no maravilhoso mundo da leitura onde exercitava constantemente. Depois de um ano já estava eu sendo um dos responsáveis pelas a igreja e principalmente das doutrinações dos fies da igreja que era no total de mais de 400 pessoas, que por nossa responsabilidade não cometiam nenhuma infração dentro do presídio. Quando comecei a trabalhar na igreja eu tinha acesso a todo o presídio, sendo que todos os chefes de cada pavilhão aceitavam minhas visitas para pregar o evangelho e também no auxilio na pacificação do presídio, dando uma ótimo tranqüilidade em minha missão que era de levar a paz no presídio.
O que massageava bastante o meu ego era que varias famílias me procuravam para dar orientações em seus relacionamentos e tinha uma demanda intensa que às vezes não tava para atender toda a demanda. Com isso veio à idéia de criar meu primeiro projeto chamado “resgatando almas” projeto esse que me daria o auxilio de mais quatro pessoas para trabalhar no mesmo segmento social, sendo aprovada pela responsável pelo projeto a Irmã sirene, que levou até o diretor que aceitou o projeto.
Quando eu recebi a noticia que estava preste a sair do regime fechado e que tinha que sair do cadeião e ir para o presídio semi-aberto tinha que colocar uma pessoa para assumir minha responsabilidade, por que tinha em minha consciência o seguinte: “se queres progredir para outro lugar melhor você tem que colocar umas pessoas em seu lugar para com que sua obra não pare”, e foi o que eu fiz e a pessoas que eu coloquei esta até na data desse relato tocando o trabalho positivamente, graças a Deus.
Dia de visita
Todas as celas abertas, os irmãos abrindo a igreja e ligando o alivíador de almas armaguradas (aparelho de som), alguns felizes esperando suas dondocas (suas mulheres) e familiares, e outros como eu esperando há dois, quatro e até deis anos lá de longe há sonhada e preciosa companheira que cada visita que se distancia mais e mais, e outros na espera de pelo menos um oficial de justiça trazendo um novo processo para alongar o seu sofrimento. Pessoas conversando, fumando bravos por ocasião de seus familiares não puderam visitá-lo por falta de dinheiro por ser uma logística muito distante de suas realidades, outras por problemas de saúde, alguns querendo cancelar suas visitas por alegarem que não está dando a mínima para há sua situação se achando abandonado, e ainda aqueles que acharam que sua mulher lhe traio na liberdade, outros vendendo açaí e alimentações em geral para arrecadar dinheiro para sustentar sua família outros no “core” (comercializando algo) vendendo e fabricando artesanatos se sustentar por não terem família e alguns comercializando o desistresante para alguns “maconha”, vários perguntando  para Deus quando seu sofrimento (pena) vai acabar outros aceitando Jesus (aderindo o cristianismo) outros deixando a igreja por ter cansado de orar e fazer jejum e as portas que o Pastor falou que iriam se abrir não abriu e nada da benção (sua liberdade) chegar, outros querendo fugir por questões pessoais, familiares e etc... O que eu sei é que ele que fugir daqui e com todo o apoio de alguns por que segundo eles não tiveram nenhuma oportunidade e vão atrás de um ilusionário apoio para “levantar a curica” crescer na vida e ficar de boa longe daqui. Outro e dizendo que Jesus me ama, obrigado! Outro me convidando para fumar um “BOB” (maconha) para desistreçar essa rotina de encarcerado em dia de visita.
Visitantes saindo outros chegando, alguns preferindo que acabe logo a visita porque não tem visita, outros pedindo para hora não passar para que possam ficar mais tempo recebendo o carinho de sua família por que só podem se ver uma vez por mês por não terem condições de está toda as visitas. Está tudo sobre o controle hoje como eu pedir para o todo poderoso, irmãos na igreja, manos da paz com suas famílias, outros com a maldade no ar, e outros com anseio de mudança com a paz também. 15: 47 minutos acabaram de conversar com um grupo de detentos dizendo que nós na condição onde estamos se não limparmos nosso subconsciente nunca conseguiremos, nos ressocializar e nem tirar a sujeira que o sistema colocou em nossa vida, utilizando a parábola da casa suja dizendo: a casa suja a imundice (crime) ama até morrer!
Final de visita! Muitos presos enviando cartas para seus familiares, sendo que é de obrigação do estado fazer esse serviço por meio dos correios, pedindo para intercederem no foram em seu favor, por não ter ninguém para lhe ajudarem. Como é que o ser humano se adapta á certa situação desumana que nenhum cidadão aceitaria na sua casa, mais aqui tudo acontece pessoal em situações insalubres, abandonados pelo estado e família sem qualquer perspectiva de vida, meu Deus aonde eu vim parar? Graças a ti que as escamas dos meus olhos saíram e estou percebendo que vida é essa, sem amor ao próximo e principalmente sem nenhuma responsabilidade social em mais um dia de visita no IAPEN.
Escrito dia 03 de dezembro de 2008

A verdade que gerou regressão de um ano.
Todos os presos que tem a sorte de na sua época de progressão de regime a imprensa e comissões de direitos humanos denunciarem os abusos de poder e a falta de suporte na assistência ao preso, tem em frente uma oportunidade de passar por uma serie de entrevistas com psicólogos e sociólogos que na época auxiliavam no processo de aptidão psicológica e observam tecnicamente se os reducandos estavam aptos para progredirem de regime e receberem os benefícios que tal progressão disponibiliza. Mesmo já com a progressão vencida há vários meses fui beneficiado por essa entrevista chegando até os profissionais para explorarem minha capacidade humana, sendo bem atendido por uns e outros acredito por técnica bastante mal recebido, dando início a uma serie de perguntas.
Para mim estava tudo sobre o devido e preparado controle porque eu sabia que estava capacitado a progredir porque não somente pelo fato de estudar no presídio, mais também por realizar varias atividades religiosas naquela casa de detenção quando na época era um dos coordenadores da igreja que pastoreava mais de 400 presos sendo que nenhum cometia irregularidades dentro do presídio por intermédio de nosso trabalho. Fizeram varias perguntas como: uso de drogas, se algum momento eu já tinha participado de algum movimento criminoso dentro do presídio e outras situações que nunca compactuei que não fosse por meio legal. No final da entrevista eles me deram uma folha para eu desenhar algo que eu pensava em liberdade realizar, e desenhei eu e minha filha que nunca tive a oportunidade de conhecer e ver pessoalmente em uma estrada onde estávamos de mãos dadas á caminho de um nascer de sol.
Depois de alguns meses um agente penitenciário me chama para eu ir até a administração para ser atendido, quando eu chego até o funcionário e ele me da á noticia que o juiz tinha regredido meu regime, e que eu teria que passar mais um ano no mesmo regime por não esta apto a progredir de regime. Com toda essa situação eu me questionei depois de todo esse trabalho que eu realizei não para o sistema, mais sim a mim mesmo, que era  capacitado e totalmente preparado para progredir de regime e não tive segundo os profissionais a capacidade de tal beneficio. No decorrer do tempo descobrir na escola que todas as pessoas que passaram pelo mesmo grupo de profissionais, tiveram sua progressão negada pelo juiz em virtude, segundo os profissionais de não demonstrarem a capacidade de progredirem.
Depois de um ano eu tive o encontro com uma das pessoas que participaram da entrevista eu o questionei o porquê da reprovação de minha progressão, ele repondendendo meio envergonhado disse: “Me desculpa! Mas você demonstrou muita mudança, que é impossível nesse lugar” por uma parte eu compreendi, por que eu não estava em um lugar qualquer, estava em uma penitenciaria onde viviam apenas as pessoas a margem da sociedade, onde era  difícil algum individuo mudar da água para o vinho, principalmente quando o dono e responsável pela casa não tinha o interesse em ajudar. Mais mesmo assim não desistir, recuei mais sempre com a esperança de sair da muralha da injustiça.
Escrito em 2007.
O trabalho digna o homem.
Como sempre procurei dentro do presídio uma sombra para consegui me ressocializa e realizar atividades que pudesse esta com a mente bastante ocupada, sempre na oportunidade que os educadores penitenciários apareciam no pavilhão, pediam a eles que colocassem meu nome para conseguir um trabalho interno que não fosse à faxina do pavilhão. Depois de vários meses de tentativa conseguir se chamado na administração para ser entrevistado pelo responsável pela autorização de trabalho, chegando até ele, fui sabatinado em relação às capacidades funcionais que já havia praticado antes em sociedade, como nunca tive experiência nenhuma com trabalho fiz um pedido bem convincente ao empregador, relatando que queria uma oportunidade já que nunca tive para poder me ajudar no meu processo de ressocialização, sendo que não foi pelo fato, acredito eu, de minhas palavras que convencerão o mesmo a me da uma oportunidade para trabalhar na cozinha industrial da cadeia, mas fim pelo fato de ter um abdome bem formado onde ele pode passar a mão, não sei por que mas aconteceu, não quero ser tendencioso! Mas se você procurar nos arquivos de jornais da época vai ver do que estou escrevendo. (denúncias de assedio á presos do Iapem. 2007)
Depois de conseguir o meu primeiro emprego, sair do pavilhão (f3) onde morava para ir ao pavilhão da cozinha onde realizei minhas atividades profissionais por três meses e meio. Minha função era acordar ás três horas da madrugada para raspar manualmente varias sacas de batatas, cenouras e corta jerimum para ser colocado na refeição dos internos, depois tinha que entregar o café da manha á três pavilhões, ou seja, para mais ou menos 400 presos, depois tinha que cuidar de uma câmara frigorifica para separa os legumes estragados dos com ótima estatura,  logo após tinha que colocar nas marmitas as refeições para depois entregar aos pavilhões de minha responsabilidade, a tarde eram feitas os mesmos procedimentos para a janta. Depois que eram entregues a comida dos detentos eu almoçava e depois tinha que limpar a cozinha industrial quando era meu dia, de 9 e nove dias, no  final da tarde chegava o caminhão baú para entregar os alimentos do presídio. Todo esse trabalho durava diariamente 18 horas, com descanso de 6 horas, as vezes eu achava muito desgastante mas quando ia entregar as refeições nos pavilhões, eu observava que era infinitamente melhor como onde eu estava do que esta lá naquela situação preso 22 horas por dia, mesmo que minha liberdade estive em metros quadrados.
O que me indignava era quando chagava os alimentos estragados no caminhão , eu fazia maior fuzuê para que, não entrasse na cozinha tais alimentos podres, mas infelizmente não conseguia conter tal pratica porque não estava ali uma pessoa da comissão dos direitos humanos, ministério publico ou uma pessoa comum, aos olhos deles eu era apenas um preso que tinha o direito que ficar calado só observando aquela insalubridade. Varias vezes fui ameaçado de ser mandado embora da cozinha, mas como minha conduta era regular dentro da cozinha alguns chefes de plantão intercediam por mim e não permitiam que me esposassem, mas em um determinado dia foi diferente, quando fui entregar o jantar dos presos no fechadão, pavilhão esse onde eram divididos em duas alas, uma para moradia comum e, outra para servi de punição(solitária) de presos rebeldes, chegando  até o pavilhão estavam um grupo de agentes sentados onde um estavam responsáveis pelo fechadão, foi então que pedi que eles abrissem as duas alas para que pudesse entrega a refeição aos presos, em seguida o agente abriu somente uma ala(moradia comum) e não abriu a de punição. Depois de ter entregando a refeição fui pedi a ele que pudesse abri á ala da punição, respondendo me pediu para esperar. Para quem não sabe o pavilhão de punição não tem luz e água regulamente, só vem quando é noite(quando vem),  é proibido o uso de colchão e até lençol, os presos ficam nesse lugar de 10 a 30 dias dependendo da ordem de sindicância vinda da VEP. Depois de esperar uma hora, fui até o agente perguntando a ele por que de tal atitude que o mesmo sendo pago para tal serviço não estava executando sendo que já era noite e os internos iriam fazer suas refeições no escuro, o agente penitenciário furioso com meu questionamento perguntou seu era advogado dos detentos e que só pela minha ousadia não iria mais abri o pavilhão, como não agüentei tal situação direcionei varias palavras de insulto aos mesmos e deixei o carinho de comida e fui para a cozinha. Depois de alguns minutos me chamaram no escritório para prestar esclarecimento sobre o caso, e os agentes estavam lá com o chefe da cozinha que era o mas parcial dos chefes, não somente por ser agente penitenciário mas por ser desumano mesmo, ele não chamava os interno pelo nome mesmo sabendo tais, era somente “preso” para tudo. O chefe pediu para que eu esclarecesse o que avia acontecido e logo após respondi: Eu acredito que o senhor não vai deixa de acredita em seus colegas de trabalho e acredita em um preso não é? Mas mesmo assim falei o que aconteceu e ele ficou no lado de seus colegas respondendo: “Preso sempre você criando problema nesse lugar?  Você não se enxerga na condição de preso né? Aqui não somos nós que estamos lascados que não seja você preso”.  Indignado com tal situação dei um empurram no agente causador da situação dizendo: tai o que você queria! E depois fui até minha moradia já sabendo o que iria acontecer comigo, chamei alguns internos e pedi a eles que guardassem minhas coisas por que eu ia para solitária e minhas coisas seriam jogadas fora, quando termino de falar chega o chefe me expulsando da cozinha e me xingando. Deis minutos  depois sair da cozinha e quando eu avisto o portão estava lá um corredor humano com policias e agentes a minha espera com o agente causador da situação na ultima ponta, por incrível que pareça eu pensava que todas aquelas pessoas iriam me espanca mais somente o agente causador me bateu e depois me levaram para solitária onde fiquei o natal e ano de 2007, junto com ratos em meio a um corredor sujo de lixo e vermes, sem nenhum tipo de auxilio somente com a roupa do corpo, por defender os direitos humanos e acabei parando no mesmo lugar dos defendidos.

A vida continua
Por que sociedade você que me julga? Aloca todo tipo de situação para me discriminar, marginalizar, excluir-me do seio comunitário? Só por que um dia fui infrator? Comecei inocentemente na escola, para mim e meus colegas era somente uma diversão de mau gosto, uma adrenalina como é dito pelos jovens da minha época que passaram pelo tal drama. Às vezes você me faz sentir muito culpado, não por ter uma consciência criminosa, mas sim por te feito algo de errado contra você. Um dia vou contribuir muito com você sociedade, sentira orgulho de mim, aquele garoto que só queria o mau, agora pensa em fazer o bem e precisa de sua ajuda para conquistar as barreiras impostas por você mesmo que até hoje não me aceita no seu habitar, mas eu te entendo, você é assim mesmo mais um dia você, vai mudar como eu, e anseio que isso não demore por que é dolorido ser mau tratado pelo meu semelhante de carne, osso, sentimento e vida igual a minha”.
Uliclelson Luis 10/04/2009.

Estou escrevendo com as mãos algemadas na policia técnica, não por te sido pego cometendo algo de errado em liberdade, mas sim por ser supostamente acusado de esta embriagado, que é proibido para quem está em período de prova como eu, agora a pouco foi feito exame físico para saber se estou alcoolizado, e outro de urina para atestar fisiologicamente se consumi bebidas alcoólicas ou outros tipos de substancias toxicas. Você que saber por que estou realmente aqui? Por ocasião de ter trabalhado dois turnos hoje, e ainda ter feito um trabalho social em minha comunidade de área de ressaca onde distribuímos calçados as crianças menos favorecidas, que passaram de ano na escola, que por meio do programa televisivo onde eu trabalho conseguimos  por meio de doações tais presentes.
 Chegando fadigado no presídio, foi percebido pela vista óptica de uma pessoa que acha que todos os apenados são iguais que achou na eminência de que eu estava embriagado. Meus olhos vermelhos de sono e cansaço de um dia trabalhoso e desgastante, fez com que um agente penitenciário desconfiar e trazer-me aqui para essa situação degradante e vexatória, veja só, quem estava o dia inteiro defendendo o direito á informação e inclusão social de crianças, estava naquele momento com as mãos algemadas recebendo seu reconhecimento por um dia desgastante de trabalho, mas esta tudo bem a minha consciência esta tranqüila, nesse momento estou conversando o com agente que ainda se diz evangélico e esta me dando orientações religiosas e pedindo para eu ir a igreja, sendo que, aproveitando o seu pedido me ofereci a ir com ele a sua igreja, mas o mesmo colocou inúmeras dificuldades para levar-me até sua igreja, mas não vem ao caso.
O mesmo agente penitenciário me perguntou se eu estava escrevendo uma biografia, e respondi a ele dizendo que sim, e perguntando em gestos de risonhos se era o meio de inspiração que realizava tal pratica, e respondi que sim! E concluindo o agente disse: Espero que nessa biografia você não minta e não aumente a veracidade dos fatos. E agora será que vai ser positivo ou negativo o exame? Dia 17/12/2008 ás 23:42 minutos.
 03 de fevereiro de 2009 23:15, já faz meses que não escrevo meu corpo não teve disposição para descrever essa biografia ou, seja lá o que for. Há! Você que saber o que aconteceu no laudo da policia técnica? Para a vergonha do agente não foi atestado nenhum tipo de substancia seja ela alcoólica ou toxica em meus exames, e agora! Eu poderia bem processa o agente por dano moral, por ter colocado minha imagem a vexame em plena etapa de reintegração social, isso é desumano e degradante a uma pessoa que apenas que cumprir o que lhe foi inconstitucionalmente imposta. Muitas coisas aconteceram nesses meses decorrentes, como a vida de detento não somente é feita de tristeza e angustia, mas sim de alegria e conquistas, no dia 29 de dezembro de 2008 recebi  uma merecida licença para poder visitar minha família sem se preocupar em retorna noturnamente ao presídio, para os leigos no assunto a licença é um beneficio que o detento que tem um bom comportamento e esteja em regime semi-aberto, tal beneficio tem um limite de tempo de no Maximo de sete dias. Mas a minha não foi uma licença qualquer de sete dias, foi uma bem prolongada e de 17 dias e ainda para completar essa licença iria vencer no dia de minha audiência para deixa o presídio por meio de uma audiência admonitória marcada para o dia 15 de janeiro de 2009, onde passaria do regime semi aberto para o regime aberto onde, por ocasião de não existir casa de albergado no meu município eu poderia ficar em cumprimento de pena em meu domicilio, sabia também que naquele momento estava deixando depois de 3 anos e 6 meses restrito de liberdade o presídio, as grades, os vexames, as humilhações e principalmente deixando aquele centro de concentração de pessoas.
Como sempre busco positiva as coisas, não chamo o Iapen de inferno mas sim de olaria do oleiro (Deus), onde o vaso (pessoas) entra quebrado (delinqüente) e sai restaurado, quando tem a sorte e a força de vontade para  mudança. Também estava consciente de que estava deixando o presídio do governo, e estava adentrando em um processo re reintegração social com uma placa no peito de “Ex-presidiário”, mas vamos folhear essa pagina e relatar noticias boas, para minha alegria conseguir ser aprovado no curso de direito na faculdade “Frabran” onde no mesmo dia fui homenageado no programa onde trabalho, mas fica a pergunta! Será que vou cursa? Resposta, infelizmente não tenho condições financeiras mas quando tiver curso.
Não relatei como foi minha passagem de ano! Primeiramente estava sem dinheiro, com roupa emprestada por ocasião de terem roubado minhas roupas que ganhei para passar a festividade, ma s por uma parte foi ótimo por que fui requisitado pela a emissora para cobri os fogos da passagem de ano na orla da “Beira rio” na frente da cidade de Macapá/AP, onde tive que passar a virada do ano com pé na lama para filmar uma cascata que foi montada no trapiche Elieze levir, mas graças a deus foi um ótimo ano, diferente dos quatros que passei atrás das grades do Iapen.
Vida de egresso
Quando acontecimentos derivados de atos ilícitos são cometidos por nós seres humanos, automaticamente vem o sentimento de culpa, refletindo no nosso subconsciente e na sociedade, que contribuem para com que essa culpa nunca sai da memória dos acontecimentos sociais, pressão perpétua que entranha no seu cotidiano batendo em cheio na sua estrutura emocional, onde se desestrutura totalmente há perspectiva de vida e das pessoas que estão interligadas ao egresso.
Exemplo! Uma pessoa que foi parar em uma penitenciaria que depois restabeleceu sua personalidade natural de volta, falo antes de ser criminoso! Ou seja, padrão socialmente correto sem qualquer desvio de conduta social. Depois que o individuo sai da restrição de sua liberdade e retoma a convivência social, ele quer desfrutar de tudo àquilo que deixou de lado por ocasião do crime, até mesmo de sua infância como visitar amigos de escola, saber como estão em situação social, tem a preocupação na orientação de jovens que aparentam um declínio para o risco social, levando seu exemplo como roteiro para uma vida justa, tem a ansiedade de buscar novos horizontes que levam a uma vida melhor, é totalmente criterioso na sua conduta, se auto-examina e principalmente busca uma qualificação profissional.
Mas o que acontece na vida de um egresso é totalmente diferente de suas expectativas, por que ele esbarra na chamada desconfiança, ou seja, o preconceito de ser um ex-presidiário. Mas não somente a sociedade tem forte influencia nesse processo, mas sim o poder público por intermédio das autoridades principalmente dos policiais que em sua maioria menosprezam totalmente a dignidade humana dessas pessoas que em sua minoria querem apenas seu espaço democrático de direito constitucional. Mas a quem recorrer? O que vale mais, a palavra de uma autoridade ou de um ex-presidiário? Qual é a sua resposta.
Essa classe de pessoas são totalmente vulneráveis a injustiça principalmente se na área de sua comunidade onde viveu uma vida marginalizada estiver pessoas que não aceitam seu retorno ao conviveu comunitário. Quando acontece, por exemplo, um delito em sua área adivinhe de quem é a culpa? Claro e evidente que é do cidadão taxado pela sociedade de ex-detento que voltou a agi de novo, mais isso realmente acontece em sua maioria quando indivíduos não conseguem alcançar a ressocialização, mas os que mudaram devem sofrer a injustiça da justiça social? Isso não é justo porque vivemos em um país livre, democrático de direito e justo.
O cidadão é tão taxado negativamente e excluído das relações humanas que se entrega a essa cultura “Judas Tadeu o traidor” que aceita qualquer injuria e preconceito utilizando como defesa e justificativa aquela frase conhecida: ”só porque sou ex-presidiário” onde em sua consciência já está cravado uma ideologia que nunca deixara o mesmo viver em paz por não saber se defender de algo que vem de nossa própria sociedade, que por falta de esclarecimento deixam se perpetuar esses acontecimentos tão desumanos. Acredito que a Lei 7.210 da Execução Penal que assegura o direito á ressocialização é bem formulada, mas precisa se revista no requisito educação, que a lei de execução penal (LEP) obriga somente o ensino de primeiro grau a serem cursados, deixando de fora a obrigatoriedade do ensino de segundo grau, profissional e superiores que são as maiores ferramentas que podem ressocializar os detentos. Se funcionasse o Patronato e outros órgãos de execução penal para acompanhar esses egressos, garanto que diminuía grandemente o numero de rescendência de crimes cometidos no país por essas pessoas, que em sua maioria nem tem o Ensino Fundamental .

Dados revelados em 2011 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) apontam que apenas 9% dos presos estudam em penitenciarias no Brasil. Até janeiro de 2011, 63,5% dos presos no Brasil não tinham o ensino fundamental completo. Pelo menos 25.319 eram analfabetos e outros 55.783 dos 445,7 mil sabiam apenas ler e escrever.

Presos em atividade educacional*
 Alfabetização
9.583
Ensino Fundamental
22.028
Ensino Médio
6.468
Ensino Superior
265
Cursos técnicos
1.670
Total
40.014
Depen 2010
Quantidade de presos por instrução (dezembro/2010)
Analfabeto
25.319
Alfabetizado
55.783
Ensino Fundamental Incompleto
201.938
Ensino Fundamental Completo
52.826
Ensino Médio Incompleto
47.461
Ensino Médio Completo
32.661
Ensino Superior Incompleto
3.134
Ensino Superior Completo
1.829
Ensino Acima do superior
72

Fonte: Depen
Tai um grande influenciador desse cáus que é a falta políticas educacionais penitenciarias no País, que ainda esta caminhando a passos lentos para compreender que a educação é o único instrumento capaz de mudar não somente o processo de ressocialização de presos, mas sim de civilizações. Por meio desses dados estatísticos percebe-se que á grande maioria de apenados tiveram, sua infância desviada da educação, ficaram distante da educação, de uma formação cultural e com isso sua fase de desenvolvimento humano como, caráter e personalidade foi direcionada a ilegalidade.
É grande o numero de crianças e adolescentes de 12 aos 17 anos recrutadas pelo crime no país, segundo o banco de dados do Conselho nacional de Justiça CNJ, somente nos anos de 2009 á maio de 2011 já foram registrados 86.696 mil casos dessa faixa etária envolvidos em transgressão a lei, totalizando 112.673 mil processos transitando em desfavor dos mesmos. Se todas essas pessoas forem condenadas e restritas de liberdade por motivo desses processos, teria que se abrir aproximadamente 113 presídios para capacidade de 1000 internos em todo país, sendo que esses dados não estão ligados ao estado de São Paulo que contabilizaria um numero bem maior de infratores no País. No Amapá crianças em sua maioria das baixadas de áreas de ressacas estão vulneráveis ao risco e convivência com o crime por ocasião de não existir um mecanismo suficiente para controlar e fiscalizar o desenvolvimento e formação do caráter dessas crianças, que é a fase primordial de seu futuro social.
“O cárcere representa, em suma, a ponta do iceberg que é o sistema penal burguês, o momento culminante de um processo de seleção que começa ainda antes da intervenção do sistema penal, com a discriminação social e escolar, com a intervenção dos institutos de controle do desvio de menores, da assistência social, etc. o cárcere representa, geralmente, a consolidação definitiva de uma carreira criminosa.”(BARATTA, 2002)
30/06/2011 11h52 - Atualizado em 30/06/2011 14h02

Exclusão invisível
Depois de varias lutas em busca de meus direitos constitucionais reconhecidos pela carta magna, a mãe das legislações brasileiras que seguem a declaração universal dos direitos humanos e tratados por meio das convenções das nações unidas que da todo reconhecimento e garantia da preservação da integridade e respeito pelo ser humano.  Quando cheguei até o Ministério do Trabalho e Emprego em sua superintendência Regional do Amapá para emiti meus documentos para meu registro profissional, dei de cara com um requisito que descrevia que pessoas com seu nome no rol dos culpados não poderiam ter o direito do registro profissional que reconhece minha profissão de repórter cinematográfico como seguimento do jornalismo, se eu pudesse ter tal direito poderia ser registrado no sindicato dos jornalistas e principalmente participar com as categorias sindicais do seguimento no debate sobre todos os assuntos relacionados à nossa profissão que sofre bastante com a falta de um teto salarial digno para essa categoria tão importante para o crescimento social.
 Felizmente na ditadura militar o ex-presidente lula teve o privilegio de se sindicalizar diferente de mim em plena época de pura democracia estou sendo exclusamente desprovido de tal direito. Destaquei o ex-presidente lula por que não somente foi á pessoa que ajudou no enfraquecimento da ditadura militar, mais também foi à pessoa que me deu a anistia que me reintegrava aos direitos políticos e sociais, mais percebi que a perdão da autoridade máxima da republica brasileira com os atributos que lhe conferem me daria há total liberdade mais me enganei. Ai de mim pobre e pobre cidadão, que pelo menos eu acho que sou agora.
O registro profissional é a identidade da profissão sem isso você fica a mercê do mercado não podendo participar de concursos públicos ou empregar-se em qualquer meio de comunicação que exige tal registro, ou seja, um indigente funcional! Mas como isso acontece no Brasil? Pais esse livre de ditadura militar e outras situações que agravavam o ir e vir. Temos exemplos de nossa historia que hoje estão gozando de sua liberdade de ir e vir que há décadas atrás sofreram em regimes cruéis e severos, mais hoje! Por que isso esta acontecendo, não posso exercer meus gozos sociais, ou estou marcado perpetuamente para viver escravizado e restrito de liberdade? Que deus me ajude por que agora que percebi que a luta não acabou.
ESSE ACONTECIMENTO FOI NO DIA 02 DE JUNHO DE 2011. 2 E 6 MESES DEPOIS QUE FUI PERDOADO PELO PRESIDENTE LULA PELO DECRETO Nº 6.706, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2008  que conquistei meus direitos políticos e sociais.


Violência e sociedade
“O aumento da criminalidade e a exigência, por parte da classe média, de mais segurança têm feito com que sejam ditadas penas mais duras e mais longas mesmo em crimes de pequena ofensividade à sociedade e, a aplicação de medidas alternativas é vistas com maus olhos, como se fossem sinônimo de impunidade. Alessandra Bastos (Pag.06)
Sabemos quanto é complicado acabar com a violência e, principalmente, encontrar ferramentas não letais para combate-lá. Desde séculos passados, onde a historia conseguiu documentar, ela esta lá, se destacada no cotidiano de nossos antepassados. Mas quem é e de onde surgiu a violência? Segundo CHAUÌ (2004)
 “a violência é um exercício da força física e de coação psíquica para obrigar alguém a fazer alguma coisa contraria a si, contrária os seus interesses e desejos, contraria ao seu corpo e á sua consciência, causando-lhe danos profundos e irreparáveis, como a morte, a loucura, a auto-agressão aos outros”. (p.16)
Nesse sentido podemos caracterizar que a violência esta em nosso subconsciente e que faz parte de nossa espécie? Devemos aceitar a violência como intrínseco á nossa natureza? Ou devemos fugir de nossa naturalidade e acreditar que a violência é algo que se criou isoladamente em nossa civilização?
Emerson Barbosa (2010) define a violência como:
 “violência é extrínseca ao ser humano, uma conseqüência não de uma natureza má, mas da luta pela sobrevivência, pelo domínio da espécie humana sobre as demais espécies”.
Nossa sociedade fez separação do que era bom e do que era ruim para o seu bem estar, por motivos de perceber que a vida era boa e, com isso, começou á combater rigorosamente o que era ofensivo á vida coletiva, transferindo essa responsabilidade á instituições que definiam o que era aprovável e reprovável para vida em coletividade. Depois essas instituições se chamaram Estado, que passou a tomar todas as decisões sobre o combate á violência e seus agentes causadores, criando medidas repressivas para manter a ordem e a justiça social.
O que sabemos é que nenhum meio institucional conseguiu impor uma medida competente para coibir esse mal que assola nossa civilização á séculos, que não seja por meio da própria violência, seja ela, moral, física e principalmente letal, mesmo em um país que a preservação da vida seja o primordial instrumento direcionado pela constituição Federal.

Sociedade e Penitenciária
Quando ouvimos em Rádios e TVs de nossa cidade a seguinte notícia, “Presos do IAPEN estão denunciando os maus tratos no presídio”, a maioria da população responde, “Os santinhos querem mordomia agora! Porque não pensaram antes de cometerem crimes? E as pessoas que eles mataram, roubaram e que cometeram diversas barbaridades? “Eles tem que sofrer mesmo”, e quando o cidadão é contrariado por um suposto abuso de autoridade e utiliza essa conhecida frase, “eles me trataram como bandido”? Essas e outras situações já fazem parte de nosso cotidiano, mas isso é certo ou errado? Precisamos voltar ao passado da humanidade para tirarmos algumas dúvidas. Você sabia que quando nos antepassados viviam sua sociedade era bem diferente da nossa em relação ao tratamento dos criminosos?

Na Idade Media há 700 atrás, nossa sociedade era bastante cruel e severa no tratamento do ato ilícito, chegando ao ponto de queimar em fogueira o suposto criminoso. Nossos antepassados acreditavam que a tortura era um instrumento divino para a salvação da alma do herege, quando o indivíduo era acusado de um crime, ele poderia ter toda a certeza que iria morrer, na época existia uma suposta misericórdia para o réu, segundo seus julgadores quando o preso era réu confesso sua alma seria salva, mas o seu corpo virava torrada, já aquele que não assumisse seu ato seu corpo e alma iria queimar no fogo perpetuo do inferno, ou seja, não tinha jeito o delinqüente ia mesmo para a fogueira. E você diz: Que povo cruel, desumano e sem coração! Infelizmente a cultura era “OLHO POR OLHO E DENTE POR DENTE”. Mas hoje no século 21 como é essa realidade?
Depois da evolução humana por meio da luta pelos direitos humanos vários decretos e legislações foram criados, para proteger e resguarda o direito a vida dessas pessoas, como a lei Nº 7.210 de 1987 LEP, que fala sobre os direitos e deveres do preso.
O Sistema Penitenciário Brasileiro serve de pretexto para ressocializar o indivíduo, ou seja, a pessoa que comete um crime não esta apto para conviver em sociedade, e por isso do ato de colocar atrás das grades o criminoso, para então ressocializa-lo segundo as leis penais de nosso país. Depois de recuperado por meio de varias atividades psicossocial, religiosas, culturas e principalmente educacional e profissional, o Ex-criminoso esta apto para o retorno ao convívio social.
Mas como não existe de fato um processo operante no país de ressocialização, até por incentivo da própria sociedade que não percebeu a importância de ressocializar, não acredita nesse meio por ainda não ter chegado ao ponto de esclarecimento desse assunto tão importante, rejeitando o que seria sua própria segurança, que é o criminoso restaurado acabando com o alto índice de crimes cometidos por pessoas que não conseguiram ressocializar-se.
O único meio de recuperação do preso é a própria autoressocialização, que o indivíduo que comete o crime arrependendo-se do seu ato começa a perceber que a sua vida não está no padrão social e começa a rever seus conceitos e procura por um meio invisível se ressocializar, que coisa estranha! Mas é a pura realidade do sistema prisional brasileiro. 

“O resultado é que mais da metade dos apenados tornam a delinqüir, pois além de não possuírem condições de concorrerem no mercado de trabalho sofrem com a estigmatização de ex-detentos”. Alessandra Bastos (Pag.08)


Favela da Amazônia
    Caracterizada pela comparação das grandes favelas metropolitanas e, diga-se de passagem, diferenciada apenas pelo número populacional e econômico, mas não pela falta de moradia apropriada.
    Como não existe possibilidade de projetos para urbanização dessas áreas de preservação ambiental e muito menos políticas públicas  voltadas exclusivamente para esse fim, por esbararem nas Leis Ambientais, pessoas continuam à mercer do tempo sem desenvolvimento social. E se acumulam em barracos (palafitas) que estão por cima de lixo e dejetos, além do contato com vários tipos de doenças transmitidas pelo consumo de água poluída e sem tratamento por meio de saneamento básico, famílias em sua maioria sem qualquer perspectiva de vida vivem nessa real situação.
  Uma pesquisa realizada pelo Instituto Inove estima que cerca de 53 mil pessoas moram em áreas de ressaca em Macapá capital do Estado do Amapá, mas o Ministério Público duplica essa realidade e revela que aproximadamente 100 mil pessoas moram nessas áreas.
  Grandes influências contribuiram para essa situação como, a migração de famílias de outros Estados principalmente do Maranhão e Pará, atráidas pela criação da área de livre comércio que gerou um falso progresso, sendo desqualificado com a chegada desses emigrantes ao Estado.Vendo a realidade diferente do que esperavam e sem moradia e emprego, começou o processo de favelização das áreas de ressaca em todo o Estado do Amapá.
  A falta de recursos e de trabalhos de conscientização dos moradores das áreas de ressaca, levaram  uma grande maioria á cultura de poluição do ambiente em que vivem, jogando no lago tudo o que não é utilizado gerando várias consequências para si e ao meio ambiente. Latas, resto de mobília, sacos plásticos e outros materiais que demoram anos para se deteriorar são jogados diariamente no lago.
  O que muitas pessoas não sabem, é que as áreas de ressaca são o estabilizador climático da temperatura da nossa biodiversidade, a poluição e acúmulo de lixo nessas áreas não só gera doenças, mas causa um desiquilíbrio na temperatura ambiente, não somente ao morador que reside na ressaca, mais também ao cidadão que mora em uma cobertura de um bairro nobre. E os jovens são os mas vulneráveis á adentrar a vida criminalizada do que pessoas que não moram nesses lugares.
  “Sabe-se que a ação na área social reduz essa espécie de criminalidade – a guerra contra o crime deveria tornar-se uma guerra contra a pobreza.” Salo de Carvalho.


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